A originalidade de Adriana Degreas está no referencial em que ela se apoiou. Muitos não viveram a época das private pool parties, mas foi um período em que erotismo se misturou a inocência, luxúria a ingenuidade. A princípio, eram românticas e divertidas, quase infantis, ainda que praticadas por adultos. Tratava-se de uma festa à beira de uma piscina, portanto em casas grã-finas (como se dizia na época), sofisticadas, milionárias. Um dia, alguém, por divertimento ou bebedeira, empurrou um convidado para a água. O homem foi com smoking e tudo. Divertiram-se os convidados, divertiu-se o homem que tinha sense of humour. Depois, em outra, outra, o costume virou festa, homens e mulheres iam para a piscina e elas saiam da água com os vestidos colados ao corpo, nuas, quase nuas. Então, passaram a vir preparadas. As mulheres traziam por baixo belas lingeries, outras biquínis exíguos, à espera do toque que as levariam para a água, onde se despiam e voltavam à tona. Sempre houve um quê de erotismo, muito de sensualidade. No cinema, a luxúria das private parties era comum. Como esquecer as festas que Gatsby, personagem de Scott Fitzgerald, vivido por Robert Redford, dava em torno de sua piscina, ao som do charleston? Ou as festas na piscina do Copacabana Palace? Como esquecer Ava Gardner semi-nua no Copa? Há ainda Marlene Dietrich nadando nua na piscina da casa do escritor Ernest Hemingway em Havana, enquanto a festa corria solta. Há nisso um quê de passado, de nostalgia, mas também de romantismo, sexualidade exacerbada, que, em épocas recentes foi resgatado por Helmut Newton, o fotógrafo alemão conhecido pela excentricidade. Nudez provocativa, roupas que ao esconder revelam. O fascínio e o glamour das private parties que tinham seu lado oculto e excitante é aqui resgatado pela inspiração aguda de Adriana Degreas, sob a mística de uma figura lendária como Grace Coddington, diretora de estilo da Vogue. Posso dizer que de Vogue sei um pouco, dirigi a revista no Brasil por 15 anos, aliás sabemos todos o que ela significa como mito. Adriana traz bain couture, divas de maiôs e biquínis na palheta de cores nude, sob saias, calças, vestidos de jérsei e a modernidade do smoking feminino. Jérsei (está de volta, glamouroso!), organza, zibeline, gazar e muito tule e, claro, estamos em 2010, lycra. A única estampa presente lembra um jaguar negro enrolado sobre o torso nu, garras de uma fera, o seu olhar cintilante, entrega, desejo e poder! O que ela faz é sugerir, excitar a imaginação, o resto fica por conta de nossas fantasias, quaisquer sejam. Tantas coisas retornam, o sensualismo das private parties também, mistura de devassidão e inocência, licenciosidade e ingenuidade. Este é o espírito de Adriana, o olho vê o que quer ver. Adriana Degreas o sofisticado que busca a nuance das palavras, noite e momentos sublimes de pessoas seletas. Suas peças não somente vestem como incorporam o novo olhar e desejo da sociedade atual que define o seu alto glamour. Uma moda que é além dos olhos e que traduz a delicadeza do charme em vestir. E para celebrar esse momento especial, uma Top que mostra todo esse momento: Eva Herzigova. Angel News Loyola Brandão é escritor e jornalista, tem 34 livros publicados, é cronista de O Estado de S. Paulo e pertence ao Conselho Editorial da revista Vogue. Fonte e foto Ferraz Comunicação
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