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Ser voluntariado
29/07/11, 13:49 | |
Segundo a definição das Nações Unidas, "O voluntário é o
jovem ou o adulto que, devido a seu interesse pessoal e ao seu espírito cívico,
dedica parte de seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de
atividades, organizadas ou não, de bem estar social, ou outros campos”.
Até poucas décadas atrás, o trabalho voluntário estava
predominantemente restrito a algumas ações pessoais, de grupos escolares ou religiosos.
Mas esta dinâmica mudou e hoje, a maior parte da adesão voluntária vem de
empresas privadas. Além do impacto causado nas instituições e grupos
beneficiados, o mais interessante é observar a forma como estes programas têm
alterado o comportamento de executivos dos mais variados segmentos e suas
funções dentro das empresas.
Sabemos que atualmente, a competitividade do mercado não se
limita mais apenas ao preço e à qualidade dos produtos e serviços prestados. O
empresariado zela por funcionários e clientes, mas também compreende seu dever
em contribuir para a qualidade de vida, preservação do meio ambiente e
desenvolvimento comunitário. E de acordo com esta nova postura, são muitos os
conceitos discutidos sobre responsabilidade social, investimento social privado
e voluntariado empresarial. Embora haja divergência no modelo defendido e na
causa a apoiar, a ação voluntária é amplamente reconhecida como ponto
unificador e modificador das estruturas e relações de trabalho.
O desenvolvimento de programas de voluntariado é visto pelos
profissionais de RH como uma atividade que contribui para a formação de uma
força de trabalho mais preparada para enfrentar com criatividade os impasses
diários do mundo corporativo. Para coordenar e executar os projetos sociais nos
quais atuam, na maioria das vezes, estes profissionais se deparam com
estruturas desprovidas de ferramentas tecnológicas e com equipes bem enxutas. E
ao longo do tempo, desenvolvem mais suas habilidades de liderança ao lidar com
voluntários de perfis tão diferentes.
A experiência do trabalho voluntário consegue colocar aos
olhos destes executivos que a transformação social de uma comunidade é possível
por meio de um projeto sólido e estruturado. Em contato com a comunidade, os
executivos passam a conhecer verdadeiras histórias de sucesso de ascensão
social – jovens e adultos que foram alfabetizados com voluntários, estudantes
que passaram por cursos de inclusão digital, aprendizado de inglês, entre
muitas outras iniciativas. E este "sentir e viver” faz com que os executivos
acreditem mais nas causas e nas pessoas.
O grupo de voluntários que acompanha o surgimento e
desenvolvimento de um projeto social participa dos grandes desafios
relacionados à transformação de um ideal num projeto, a consolidação e a
expansão de uma instituição social. Tudo muda quando uma iniciativa que atende
centenas de pessoas passa a atender milhões, entraves e dificuldades aparecem,
mas ao fim, todos envolvidos se transformam juntos.
De volta aos escritórios, estes profissionais apresentam
mais criatividade e confiança na solução de problemas que envolvam muitos
departamentos, apresentando habilidades multitarefas e visão geral dos
negócios. A experiência adquirida dentro de instituições e ONGs ajuda estes
executivos a pensarem em soluções mais simples para divergências do dia-a-dia e
a acreditarem na força do trabalho em equipe e nos resultados que podem surgir
da união entre persistência e confiança.
Para a instituição e comunidade beneficiadas, o executivo é
capaz de levar as práticas diárias da iniciativa privada, que muitas vezes,
apresentam grande dificuldade para um órgão não-governamental, tais como
gerenciamento eficiente, conhecimento administrativo e burocrático, visão de
negócio e estratégias de marketing para busca de apoios e patrocínios.
Com a cultura do voluntariado mais presente na sociedade
brasileira, observa-se uma nova filosofia permeando executivos, estudantes e
academia – concordamos que todos nós somos responsáveis e temos a nossa parcela
de compromisso na construção de um país mais igualitário. O foco saiu da esfera
governamental e hoje acreditamos que todos nós compomos um só país com as
características únicas de nossa brasilidade e desafios peculiares.
Todas as esferas podem colaborar e a junção destes fatores
ganha força muito maior. Se o governo já conta com um sistema estruturado em
redes e unidades, a iniciativa privada pode compartilhar sistemas otimizados e
ferramentas inovadoras enquanto o cidadão poderá sempre oferecer a sua energia.
Este conceito de unidade se fortaleceu, e o grande divisor que existia entre a
iniciativa privada e comunidade diminuiu. Hoje, a comunidade vai para dentro da
empresa e a empresa faz parte da comunidade.
By *Nuno Simões
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