Quarta edição da pesquisa realizada em parceria pela MCF
Consultoria e GfK Brasil aponta resultados alcançados em 2009 e perspectivas
para 2010
Com um forte crescimento em 2009, o mercado brasileiro do
Luxo parece tomar fôlego para fazer de 2010 um ano memorável. O setor, que
faturou US$ 6,23 bilhões em 2009 – crescimento de 4% (dólar) e 12% (real) em
relação ao ano anterior – deve ampliar seu faturamento em 22% este ano,
alcançando o montante de US$7,59 bilhões. É o que aponta o estudo "O mercado do
Luxo no Brasil – ano IV”, iniciativa conjunta da MCF Consultoria &
Conhecimento e GfK Brasil.
A pesquisa, que avalia o desempenho do setor no Brasil e mensura suas
expectativas de investimento, foi realizada entre janeiro e maio de 2010
considerando uma mostra de 283 empresas que atuam no segmento do Luxo ou
Premium no Brasil. Destas 283 empresas, 95 responderam integralmente a
Pesquisa. O estudo também contemplou o consumidor do Luxo e mapeou as
preferências e os gostos de 344 consumidores deste segmento no País.
Pesquisa sobre o mercado
Os investimentos no setor cresceram no ano passado, saltando dos US$ 950
milhões alcançados em 2008 para o US$1,24 bilhão em 2009. Em 2010, mesmo com a
previsão de um pequeno decréscimo no valor dos investimentos no setor – que
passará, segundo a pesquisa, para US$1,21 bilhão –, o mercado de Luxo se mostra
muito otimista com a previsão do crescimento acentuado no faturamento.
Para Antonio Perrella, diretor de Atendimento ao Cliente e Novos Negócios da GfK
Brasil, enquanto uma pequena fatia do mercado (3%) ainda acredita que os
negócios serão muito afetados pela crise, 67% acreditam que não haverá impacto
algum. "E esta avaliação positiva em relação à crise vai além: perguntados
sobre o restabelecimento, 79% dos entrevistados afirmaram acreditar na
recuperação do mercado após a crise e, destes, 66% disseram acreditar nesta
recuperação já em 2010”,
ressalta.
Em relação ao futuro, os projetos mais citados foram os de Expansão do Mercado
Alvo (33%), Fortalecimento da Imagem/Marca (30%), abertura de lojas próprias
(20%) e Gestão de Relacionamento com o Cliente (9%).
Dentre os empresários que planejam investir em expansão, 86% pretendem fazê-lo
aumentando o número de lojas próprias, 50% aumentando a participação em
multimarcas e 7% em quiosques.
Na avaliação das empresas, excluindo São Paulo e Rio de Janeiro, as cidades
mais promissoras para a expansão do mercado do Luxo são Brasília (53%), Porto
Alegre (7%), Curitiba (7%), Salvador (6%), Recife (4%), Belo Horizonte (4%) e
Ribeirão Preto (3%). Essa promessa de bons resultados justifica o crescimento
no número de lojas previsto para 2010. De acordo com os executivos entrevistados,
o aumento de unidades será pulverizado entre São Paulo (+54%), Rio de Janeiro
(+39%), Brasília (+39%), Belo Horizonte (+31%), além de Porto Alegre, Goiânia,
Curitiba e Ribeirão Preto, que reforçam suas respectivas posições como nichos
providenciais para o mercado do Luxo.
O perfil do setor
Das empresas estudadas, a maior parte atua no segmento do varejo, com 61%,
seguida por serviços (24%) e produção/indústria (15%). Quanto à atuação
específica, 26% são do ramo de moda, seguidas por calçados (19%), confecção/vestuário
(18%) e perfumaria (17%). Empresas de alimentos, joalheria, automóveis,
relojoaria, hotelaria, bebidas alcoólicas, cosméticos e mobília completam os
segmentos do mercado de Luxo.
Sobre a atuação das empresas no exterior, 53% responderam que têm presença fora
do País, e 39% de seus clientes já realizaram compras da marca fora do Brasil,
sendo o preço mais baixo o principal motivador para isso, de acordo com 65% dos
entrevistados. A reversão desta realidade renderia 20% a mais no faturamento destas
empresas aqui no Brasil e 24% em aumento do quadro de pessoal. Outros fatores
que motivam a compra do Luxo longe das fronteiras nacionais são variedade e
glamour, com 27% e 11% respectivamente.
Para o setor, a marca considerada benchmark nacional é a Fasano, com 14%,
seguida de perto pela Osklen, com 13% e H. Stern, com 9%. O benchmark
internacional é Louis Vuitton, com 18%, seguida por Hermès, com 12% e Giorgio
Armani, com 5%.
Valores para o cliente do Luxo
Em 2009, o ticket médio de compra por cliente diminuiu em 25% em relação ao ano
anterior, caindo de R$3.454,00, para R$2.726,00, e isso mesmo com a
movimentação constante das empresas para manter o interesse de seus clientes.
Para Carlos Ferreirinha, presidente da MCF Consultoria & Conhecimento, apesar
do forte impacto da crise de 2008, o mercado segue em crescimento acelerado. Já
neste ano de 2010, o setor prevê com forte otimismo uma taxa de crescimento de
22%, garantindo a recuperação da atividade em patamares de resultados antes de
2008.
"A crise reduziu o valor do ticket médio, mas nada que gerasse uma preocupação
exacerbada para os próximos anos – haverá um ciclo de crescimento vigoroso
novamente. O consumidor demonstra o mesmo tipo de atitude positiva em relação
ao consumo de Luxo e, inclusive, em relação a sua percepção da atividade. Os
consumidores brasileiros se destacam pelo comportamento jovem de consumo e
demandam de forma exponencial o relacionamento diferenciado, fazendo com que
investimentos em eventos e comunicação sejam predominantes, e pontos de venda e
relacionamento físicos aumentarão e se expandirão”, explica Ferreirinha.
Pesquisa sobre o consumidor
Entre os meses de maio e junho de 2010, a quarta edição da Pesquisa sobre o Luxo
no Brasil voltou seu foco também para os consumidores deste mercado. O
levantamento foi feito pela internet e mapeou diversas informações de
comportamento e hábitos de consumo.
Mulheres permanecem como maioria
As mulheres representam a maior parcela entre os compradores de artigos de
Luxo. Apenas 42% dos clientes deste mercado são homens, contra 58% de mulheres.
Outro predomínio ocorre no Estado de São Paulo, que aumentou sua participação
quanto à concentração dos consumidores do Luxo no Brasil. Enquanto em 2008, o
Estado acumulava 61% dos consumidores do setor, em 2009 passou a responder por
66% deste público.
A maior parte dos consumidores do segmento (33%) tem entre 26 e 35 anos,
enquanto brasileiros entre 36 e 45 anos representam 30% dos clientes. Do total,
47% são pós-graduados e 36% possuem grau universitário de instrução.
Considerando a faixa salarial dos consumidores do Luxo, percebe-se que 45%
deles têm renda mensal superior a R$10 mil e que 47% fazem investimentos
pessoais de até R$100 mil.
Marcas preferidas
Ao avaliar as preferências e desejos deste público, a pesquisa chegou ao ranking
de marcas nacionais e internacionais. A Top of Mind internacional é a Louis
Vuitton (30%), seguida pela Hermès (12%) e Chanel (8%). No ranking de marcas
nacionais a liderança fica com H. Stern (24%), seguida de perto pela Daslu
(20%).
A Louis Vuitton é a mais citada dentre as marcas de fora do País quando se
trata de atributos como tradição (27%) e prestigio (22%). No quesito
preferência, a Luis Vuitton permanece na liderança (8%), seguida por Hermès,
Chanel e Giorgio Armani – empatadas com 6%. Entre as marcas brasileiras, a
H.Stern é considerada a de maior Prestígio (26%), Tradição (25%) e lidera a
preferência dos consumidores (12%), seguida nos três quesitos pela Daslu.
A pesquisa também aponta que o sonho de consumo dos clientes do Luxo são
produtos Chanel (10%) e Hermès (7%) e que os entrevistados gostariam de
encontrar no Brasil produtos Prada (5%), assim como Sephora, Manolo Blahnik,
Bottega Veneta, Fauchon, Burberry, Chanel, Abercrombie & Fitch Victoria´s
Secret (todos com 2%).
Percepção da população geral sobre o Luxo
Para mapear a percepção da população em relação às marcas os serviços de luxo,
a GfK também realizou estudo específico. Neste caso foram ouvidas 1000 pessoas,
de 12 regiões metropolitanas do País, de todas as classes sociais, homens e
mulheres, e com idade acima de 18 anos.
Nessa abordagem a população brasileira destacou a qualidade como principal
motivo de atração para comprar uma marca ou serviço de luxo (38%), em seguida
está o preço (16%) e o atendimento personalizado (13%).
Quando perguntados sobre qual marca comprariam se fossem adquirir algum produto
de uma marca de Luxo, a mais mencionada foi Brastemp com 10%, seguida de
Mercedes-Benz e Ferrari com 6% cada. Já na questão sobre Top of mind, a
primeira marca que vem à cabeça do brasileiro quando se fala em marcas de Luxo
internacionais e nacionais presentes no Brasil, a Ferrari é a mais lembrada com
8%, seguida da Mercedes-Benz com 7%, Brastemp com 4% e BMW com 3%.
Os carros importados são, portanto, os destaques entre a população. Porém, vale
ressaltar que ao serem questionados especificamente sobre marca de automóvel de
luxo mais lembrada, as posições se invertem, Mercedes-Benz assume a primeira
colocação com 16% e Ferrari a segunda, com 13%. BMW mantém a terceira
colocação, desta vez com 8%.
Outro ponto interessante na percepção da população está na marca de cosméticos,
na qual a Natura é a mais citada com 21%, bem à frente das internacionais
Lancôme e Victória Secret, com 1% cada.