Verdade, desde que a rede seja composta por uma ou poucas lojas. Na medida em
que a rede de lojas cresce, a barriga no balcão impede que se tenha a visão do
todo, dificultando tremendamente os processos de gestão comercial. E se o crescimento
da empresa alcança novas regiões, com distâncias geográficas crescentes, a
complexidade das operações cresce junto, principalmente em relação às
mercadorias...
Estoque é investimento!
Verdade, em ambientes altamente inflacionários. Para economias estáveis, o dito
deveria ser outro: "estoque bom é aquele que deixa saudade!”. Infelizmente,
conforme abordado em artigo recente de Alexandre Horta aqui neste espaço,
parece perdurar a visão esperançosa de que altos níveis de estoques vão
garantir sucessos de vendas. E os inventários vão descobrindo mercadorias
fossilizadas, estocadas há dois, três, quatro anos...
O olho do dono é que engorda o gado!
Verdade, se você é dono de um único boi. E assim deseja permanecer. Esse ditado
é seguido à risca por diversas empresas de varejo, principalmente na área de
compras. A justificativa se ampara em lendas urbanas como a de que só o dono é
confiável (como se não houvesse problemas familiares); que somente o dono pode
dar credibilidade às negociações (como se o conceito de delegação não
existisse); ou ainda que ninguém tem o tino comercial do dono (também conhecida
como Síndrome da Mão de Deus). Basta olhar para as redes de varejo que
cresceram e se tornaram empresas de verdade, e não apenas negócios tratados como
meio de vida. Via de regra, essas empresas possuem executivos de mercado
competentes e estruturas de governança para assegurar que o seu futuro não
dependa somente de quem está ali para engordar o boi...
Em time que está ganhando, não se mexe!
Verdade, se você deseja somente uma vitória temporária. O momento mais adequado
para mexer em um time é exatamente quando ele está ganhando, quando é possível
analisar a situação com mais tranquilidade e tomar decisões sem atropelos.
Quando o time está perdendo, mexer não é mais uma opção: passa a ser
necessidade. Com isso, a pressão por mudanças compromete a serenidade para os
ajustes demandados. Basta observarmos um campeonato de futebol. Onde é mais
tranqüilo proceder mudanças: nos primeiros colocados da tabela ou nos
lanterninhas? Principalmente nas áreas de operações, como compras e logística,
esse ditado mantém os resultados de curto prazo, mas limita a sustentação de
resultados de longo prazo. Alguns estudiosos chamam isso de "armadilha da
competência”, ou a tendência a manter e repetir continuadamente as decisões
que, no passado, deram resultados positivos...
Farinha pouca, meu pirão primeiro!
Verdade, se você não pretende comer pirão com aquela pessoa novamente.
Apliquemos esse ditado à área de compras das empresas varejistas, onde ocorrem
diariamente vários processos de negociação. Em ambientes altamente
competitivos, parece certo que para uma das partes se dar bem, a outra parte,
necessariamente, tem que se dar mal. E entram-se em batalhas cansativas, onde
ambos tentam garantir o seu pirão, independente de quanto vai sobrar para o
outro (se sobrar). Mas o que temos observado é que os processos de negociação
nessa área têm sido mais cooperativos que competitivos, buscando-se assim maior
longevidade na relação comercial. Tem-se reduzido o volume de fornecedores,
justamente para fortalecer as relações com aqueles com os quais vale a pena
trabalhar. Assim, pode-se obter maior equilíbrio de forças nas negociações,
oportunidades de melhorias e ganhos bilaterais. Obviamente, sem perder de vista
que o maior beneficiado deve ser o consumidor. Tudo isso parece fazer crer que,
mesmo quando a farinha é pouca, vale à pena dividi-la...
Casa de ferreiro, espeto de pau!
Verdade, para as redes que são negócios e não empresas de verdade. Por vezes,
abusa-se desse ditado. É frequente que o ambiente e os produtos oferecidos aos
clientes não reflitam a estrutura interna da empresa aos seus funcionários.
Alegações como controle de custos e cultura econômica, dentre outras, criam a
base para que esse ditado seja tão amplamente praticado. Mesmo redes que
comercializam produtos e serviços de alta tecnologia, por vezes possuem
sistemas de informação totalmente defasados, rodando em plataformas obsoletas.
Isso gera uma economia somente na aparência, pois a perda de produtividade das
equipes raramente é aferida. Nas empresas varejistas de verdade, a estrutura
interna é tão valorizada quanto aquela oferecida aos clientes, principalmente
os sistemas de informação, que são a base para a produtividade. E isso não é
feito por mero status corporativo, ou para impressionar. É que as empresas de
verdade sabem que seus funcionários também são seus clientes...